segunda-feira, 13 de abril de 2009

Endomarketing: Muito Mais Do Que Incentivo



Palestras motivacionais, café da manhã com o presidente da empresa, eventos e ações de incentivo. Para muitas empresas, estas atividades fazem parte das estratégias de Endomarketing

Palestras motivacionais, café da manhã com o presidente da empresa, eventos e ações de incentivo. Para muitas empresas, estas atividades fazem parte das estratégias de Endomarketing. O que estas companhias não sabem é que o Endomarketing não se resume a ações isoladas, de emergência, motivacionais e para ser usada apenas em momentos de dificuldades.

De acordo com especialistas no assunto, o Endomarketing não é motivação. Para Cláudio Tomanini, professor da FGV, a empresa pode - e deve - estimular os funcionários e aqueles que acreditarem no programa estarão realmente motivados. Mas não é o bastante.

Empresas como Google, Microsoft, Apple e Toyota, são conhecidas por possuir o Endomarketing em seu DNA. Estas companhias estimulam seus funcionários através de ações focadas no bem-estar deles o que, conseqüentemente, melhora a produção e a capacidade intelectual das equipes. Para as empresas, o perigo das ações motivacionais é a autonomia dada a um funcionário incompetente. Quanto mais motivado ele estiver, mas besteiras ele será capaz de fazer, aponta Cláudio Tomanini, da FGV.

Motivação como estratégia
O planejamento, portanto, é um dos princípios do Endomarketing. Não basta desenvolver ações para remediar um problema interno ou para aumentar a vendas temporariamente. “Isto é perda de tempo”, afirma Cláudio Tomanini, professor da FGV e palestrante da área de negócios e vendas. Identificar os pontos fortes e fracos dos funcionários é um começo para as empresas que buscam implantar este sistema.

Para identificar virtudes e dificuldades entre os colaboradores ou serviços de uma empresa, basta usar ferramentas específicas que apontam o problema através de metas e resultados. “Precisamos desmistificar o conceito de que o Endomarketing é um evento de integração ou uma ginástica laboral”, diz Tomanini.

Na Fiat, o Endomarketing faz parte da vida não só do funcionário, como de sua família também. A montadora oferece festas de debutantes para as filhas de seus colaboradores e festas de bodas para aniversários de casamento. Além disso, a empresa oferece test-drive aos funcionários. Afinal, o colaborador é o primeiro cliente da montadora. “É responsabilidade das empresas responder às necessidades e estar preocupada com qualidade de vida dos seus colaboradores”, conta Tomanini.

Tecnologias ajudam
Um aliado importante do Endomarketing é a tecnologia. É inegável que as ferramentas que ela oferece ajudam a permear melhor a comunicação de uma companhia e, logo, a comunicação interna. Apesar do tradicional mural informativo ser válido, a intranet é a evolução desta comunicação.

A tecnologia facilita e dá mais liberdade ao processo de comunicação e é disso que as empresas precisam, da conversa mais rápida entre as equipes e seus gestores. Para que a tecnologia facilite o processo de comunicação, é necessário que antes dela chegar seja planejado o que será feito com ela. “Não adianta fazer um café da manhã em apenas um dia. Planeje e saiba o que você quer. A ferramenta vem depois”, aponta Tomanini em entrevista ao site.

Comunicação integrada e treinamento
A grande responsável pela integração dos setores da Fiat com a comunicação da marca é a Intranet. De acordo com Marco Antonio Lage, diretor de comunicação corporativa da Fiat Automóveis, 95% dos funcionários estão conectados nesta plataforma, incluindo os oito escritórios da companhia no país. Esta ferramenta agrega as funções de lista telefônica, promoções, vagas internas, além do link “Fale com o Presidente”, onde qualquer funcionário pode se comunicar com o chefe.

A comunicação da Fiat é baseada na comunicação integrada e na fusão de ações de responsabilidade social com os funcionários. O conceito e as ações de comunicação da companhia são discutidos por um comitê formado pela união de diversas áreas da empresa.

O treinamento do funcionário também é essencial para uma boa estratégia de Endomarketing. Este ano, a Contém 1g, marca de maquiagem feminina, preparou uma ação para melhorar a comunicação com o consumidor final. A empresa investiu na capacitação das vendedoras e dos franqueados de todo o Brasil, com maquiadoras profissionais que dão treinamento a estes profissionais para melhorar o conhecimento deles sobre os produtos da marca. Em 2007, o projeto capacitou mais de cem vendedoras e quatro franqueados. Para este ano a empresa espera atingir cerca de setecentas pessoas.

Parceiros e terceirizados integram o Endomarekting
Não são apenas funcionários que podem ser integrados ao Endomarketing. Esta estratégia pode ser integrada com as ações de junto ao trade de cada mercado. A Golden Cross, por exemplo, desenvolveu uma ação para os parceiros comerciais e prestadores de serviço. A empresa lançará o Golden Care, um plano de saúde empresarial que terá um programa PhD de relacionamento com os médicos que fizerem atendimento aos pacientes deste plano.

Médicos e corretores precisaram saber os detalhes do plano para passar com clareza aos clientes. Por isso, a Golden Cross desenvolveu ações para integrar os terceirizados e parceiros da empresa, com shows de artistas famosos. “É necessária a ação de Endomarketing porque o produto tem muitas informações que devem ser passadas de forma clara aos parceiros da empresa”, explica Marcio Victer, gerente de comunicação e marketing da Golden Cross.

O programa PhD será permanente na Golden Cross e deve ganhar novos atributos ao longo dos anos. A Golden Cross pretende atingir um crescimento de 30% nas vendas só em São Paulo, e para isso a empresa investiu aproximadamente R$ 1 milhão neste programa.

DNA compatível como em uma família
Projetos como o da Fiat e da Golden Cross mostram que a motivação depende das características dos funcionários e não do Endomarketing. “Tem empresas que acham que uma estratégia de motivação é Endomarketing, mas não é. O Endomarketing é uma ferramenta que precisa de estudo antes de ser aplicada e de tempo para ser assimilada pelos funcionários”, aponta.

Segundo Tomanini, na Disney os funcionários assinam contrato que atesta que o sorriso deles é natural. “A motivação depende se o DNA do funcionário está compatível com o da empresa. Os valores e princípios devem ser parecidos”, diz.

Adepto a analogias, Tomanini compara um projeto de Endomarketing com filhos. Segundo ele, ser totalmente flexível transmite uma falsa liberdade que pode ser perigosa. É preciso impor regras e atribuir valores para os filhos assim como para os funcionários. “Tirar dez na escola é obrigação, por isso não se pode presentear. A mesma coisa vale também para os colaboradores”, completa.

Endomarketing - Equilíbrio em tempos de crise

Se o marketing visa construir relacionamentos com os públicos externos da organização, o Endomarketing® visa traduzir para o público interno o marketing tradicional direcionado ao mercado. No Endomarketing® há uma preocupação com o cumprimento dos objetivos empresariais atrelado a um processo de trocas que construa lealdade no relacionamento com o público interno, buscando alinhamento, engajamento e comprometimento dos colaboradores. O ponto de partida rumo a essa lealdade é que os funcionários conheçam tão bem quanto possível os objetivos da organização, com o detalhe adicional - mas não menos importante - que esses objetivos estejam harmonizados com os objetivos individuais destas pessoas. Assim, é possível fortalecer o vínculo da empresa com o funcionário, de tal maneira que o resultado final corresponda à melhora do valor de mercado desta organização.

O Composto de Endomarketing

Sabendo que o Endomarketing possui suas raízes no Marketing, a busca por uma importação responsável e adequada da estrutura do composto de marketing para dentro da organização, assumindo a necessidade de uma proposta atemporal, identificada com um processo de gestão contínuo, mas constantemente renovável, que reúna, com simplicidade, e de maneira abrangente as diferentes nuances da gestão de pessoas, tanto nos aspectos tangíveis quanto intangíveis, Vinicius Carvalho de Carvalho propôs um novo modelo, análogo aos 4 P´s clássicos de Kotler, dado por quatro elementos principais e que se relacionam entre si: A Empresa, O Trabalho, a Comunicação e o Ambiente.

Ambiente está para Ponto: trata-se do espaço dentro do qual ocorre a relação de trabalho entre pessoas e organização, possuindo duas dimensões: tangível e intangível. A primeira refere-se basicamente às instalações físicas da empresa e seus atributos, tais como ergonomia, estética, funcionalidade, equipamentos, recursos materiais, segurança, e afins. A intangível reúne todos os aspectos pertinentes ao clima organizacional, ou seja, as qualidades do ambiente interno, percebidas pelos membros da organização que influenciam seu comportamento. No modelo, a avaliação periódica do ambiente é dada por mecanismos de pesquisa em Endomarketing.

Empresa está para Produto: logo, a empresa é, de fato, o próprio produto “vendido” às pessoas, não somente enquanto instituição, mas a partir de tudo aquilo que entrega às pessoas em troca de seu trabalho, caracterizado por um fluxo de benefícios, constituído de fatores objetivos, e subjetivos, indutores da motivação, igualmente análogos à noção de valor percebido, vista anteriormente.

Trabalho está para Preço: significa o valor “pago” pelo indivíduo por aquilo que recebe da empresa, análogo ao desempenho mobilizado junto à organização, e, portanto quanto mais “cara” esta lhe parecer, tanto melhor será a qualidade de seu trabalho, maior a competência nele empregada, melhores decisões serão tomadas, por conseqüência, mais engajamento e compromisso serão aferidos.

Comunicação Interna está para Promoção: representa o sistema integrado de canais internos de comunicação da empresa, promotores de integração a partir da identidade comum aos seus membros, que sustenta, interage e avalia a relação empresa-trabalho no ambiente interno, reunindo não apenas a forma (estética e discursiva) como a empresa fala às pessoas, mas também a maneira como elas “dialogam” com a organização.

As Leis do Endomarketing

O Endomarketing, assim como outras áreas de gestão, possui "leis" que o fundamentam, sendo a base objectiva das principais características do seu processo de gestão. Publicadas em 2008 por Vinicius Carvalho de Carvalho, na forma de um artigo na Revista Exame, as Leis do Endomarketing são:

1. Lei do Diferencial Humano: As pessoas são a base de tudo. Não importa qual o valor que pretende agregar ao seu negócio, sempre serão as pessoas que o farão tornar-se realidade perante o seu cliente, quer seja de forma direta ou indireta.

2. Lei da Tomada de Decisão: As pessoas são contratadas para tomarem decisões em seu cotidiano de trabalho, que influenciam no negócio como um todo, da mais simples função operacional até o mais alto executivo.

3. Lei do Sentido: As pessoas precisam compreender o sentido daquilo que estão envolvidas para poderem dar mais de si. Sem perceberem a razão (o lado pragmático) e a emoção (o lado subjetivo) do que estão fazendo, jamais poderão dar tudo de si.

4. Lei do Reflexo: Simples assim: a qualidade da relação da empresa com o seu mercado é um reflexo directo do relacionamento que ela tem com os seus colaboradores.

5. Lei do Desempenho Esperado: Quanto menos a empresa oferece em troca do trabalho, maior será a diferença entre o desempenho que ela espera e o desempenho que efetivamente recebe do colaborador, pois a percepção deste quanto àquilo que provém da empresa tende, na média (colectiva) e no longo prazo, a se configurar em injustiça quanto a sua recompensa.

6. Lei da Motivação: A motivação não pode ser espontaneamente gerada ou atribuída somente à realização no trabalho. Ela é um bem exclusivo do indivíduo e que não está de maneira alguma sob o controle da empresa, podendo apenas ser estimulada por uma série de factores que irão aumentar a percepção do colaborador acerca do que o motiva no trabalho.

7. Lei do Composto de Endomarketing: Endomarketing não é o mesmo que Comunicação Interna. É um processo gerencial, cíclico e continuado, formado por um composto de 4 variáveis: a Empresa (o que entregamos aos colaboradores), o Ambiente (tangível e intangível), o Trabalho (a moeda de troca do colaborador), e por fim a Comunicação.

8. Lei da Escada Limpa: Em uma organização o Endomarketing sempre deve começar de cima para baixo: se o corpo directivo não comprar a idéia, nada irá mudar. Tente limpar uma escada começando pelo degrau mais abaixo e perceberá que nunca sairá do mesmo lugar.

9. Lei do Fluxo de Benefícios: A percepção da empresa ante o seu colaborador é o fruto do conjunto dos factores entregues em troca de seu trabalho, e que é dado por um fluxo de benefícios específico, que resultará num valor percebido da organização.

10. Lei do Ambiente: Todas as trocas entre colaborador e empresa ocorrem dentro de um ambiente, formado por uma parte tangível (o físico da empresa) e outra intangível (cultura e clima organizacional).

11. Lei do Trabalho: Quanto maior for o valor percebido pelo colaborador em relação ao Fluxo de Benefícios da empresa, maior será o seu desempenho em troca. O trabalho é o valor “pago” pelo indivíduo por aquilo que recebe da empresa, e cabe a esta saber claramente o que espera das pessoas a partir daquilo que oferece.

12. Lei da Constante da Comunicação: Mesmo que a empresa não possua formalmente um processo de comunicação interna, ela sempre irá existir e ser praticada pelos seus colaboradores por meio de canais informais.

13. Lei da Gestão do Endomarketing: O endomarketing é um processo gerencial, cíclico, contínuo, e baseado em ferramentas multidisciplinares de activação, com o objectivo de promover a motivação das pessoas com o seu trabalho e garantir o seu compromisso com os objectivos estratégicos, contribuindo assim à obtenção de melhores resultados a partir de desempenhos superiores.

14. Lei do Discurso Contraditório: A variação de desempenho de um colaborador é o resultado directo da diferença entre o volume de comunicação que orienta a sua tomada de decisão, normalmente gerada pela empresa, e o volume de comunicação contraditória, que na maioria das vezes é gerada pela sua chefia directa.

15. Lei dos Pontos de Pressão: Numa organização sempre existem duas concentrações de público interno que funcionam como grandes pontos de pressão positiva e negativa, diametralmente opostos, e que agem sobre a massa de pessoas em geral.

16. Lei dos Cenários de Representação: As pessoas tendem a resumir a empresa e o seu universo de existência e relações aos cenários onde atuam, ao seu cotidiano nela.

17. Lei das Fases de Implantação: Todo processo de endomarketing deve respeitar 4 fases distintas de implantação: a assimilação dos conceitos (Despertar), a saída das zonas de conforto (Envolver), a partida para a ação (Construir),e a busca de metas elevadas (Superar).

18. Lei do Discurso Único: Toda empresa deve ter apenas um discurso a ser comunicado aos seus colaboradores, forte o bastante para se manter vivo ao longo do tempo, e com volume de conteúdo capaz de permitir desdobramentos e co-relaçõe.

19. Lei da Capacidade dos Canais Internos: O número de canais existentes e de diferentes formatos em uma empresa não está directamente relacionado à qualidade da comunicação interna da organização.

20. Lei dos Tipos de Conteúdos Editoriais: o conteúdo presente em um canal interno de comunicação sempre deverá possuir pelo menos um dos 4 tipos de linha editorial interna (Estratégica, Informativa, de Serviço, Humana), ou ainda a combinação entre elas de forma a complementarem-se.

21. Lei da Estética e do Discurso: A estética e o discurso devem estar alinhados para o público interno ao qual se destinam, e não para a instituição e a forma como esta e seus produtos se reportam externamente. A excepção a esta Lei está nas áreas comerciais que tendem a reproduzir os padrões e estilos dos clientes com os quais relacionam-se.

22. Lei do Referencial Externo: As pessoas trazem de fora da empresa os seus referenciais de boa comunicação, e baseiam-se em suas experiências com as mídias externas para relacionarem-se com os canais internos da organização.

23. Lei da Segmentação Interna: Uma única estratégia de endomarketing e comunicação interna não é capaz de atingir plenamente a todas as pessoas de uma organização. Cada empresa possui um número próprio de segmentos de público que devem receber a mensagem através de estratégias específicas de activação, quer na sua forma, estética ou discurso.

24. Lei do Retorno: O aumento do desejo dos colaboradores em possuir meios de dar retorno à empresa é directamente proporcional ao volume de comunicação interna praticada pela organização.

25. Lei da Oralidade: As pessoas preferem a comunicação oral e esperam isso de seus lideres directos. A evolução eficiente de um programa de endomarketing está na diminuição gradual de material impresso ou que utilize de outros meios de comunicação que não sejam a oralidade.

Tais leis não possuem embasamento científico ou comprovação por meio de pesquisa. O endomarketing segue a lógica do marketing e isso é o bastante apontar suas características de meios de adaptação ao meio interno das organizações.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Seis canais de comunicação interna rápidos, baratos e eficientes



A comunicação interna é fundamental para que os colaboradores sintam-se integrados ao negócio. Porém, é preciso que a organização adote um meio de comunicação que se enquadre à sua realidade. Listo abaixo, alguns canais de comunicação acessíveis para empresas de vários segmentos e que não exige grande investimento de verbas e são eficazes.

1. Murais:
Semelhante a um quadro de avisos. Devem ser atualizados e colocados em locais de grande circulação como, por exemplo, refeitórios.

2. Jornais impressos:
Podem ter apenas quatro páginas, contando com a capa. O conteúdo usa uma linguagem simples e textos curtos para estimular a leitura. O recurso de imagens é indispensável para a diagramação.

3. Boletim Informativo:
Canal mais formal. Pode ser impresso ou distribuído para o mailing corporativo. Contém informações sobre a empresa e até conteúdo para desenvolvimento dos profissionais.

4. E-mails oficiais:
O e-mail é um dos recursos mais populares. Entretanto, para ser reconhecido como uma comunicação oficial. Geralmente tem uma frequência pré-definida e de preferência é emitido pelo presidente da empresa.

5. Caixa de sugestões:
É aconselhável que seja de madeira, para maior durabilidade e evitar "violação". Através de formulários os funcionários apresentam sugestões, comentários e até denúncias sobre fatos que comprometam a empresa.

6. Reuniões periódicas:
Geralmente ocorrem entre gestores e equipes. Fortalece a comunicação "face a face" e alguns feedbacks podem ser dados rapidamente aos funcionários.

A comunicação muda uma empresa

Nem sempre quando fala a pessoa consegue ser ouvida e tampouco compreendida. Apenas proferir palavras sem que exista uma interação entre comunicador-ouvinte é perda de tempo, pois o processo de comunicação fica completamente comprometido. E isso não acontece apenas no campo pessoal, mas também profissional. Inúmeras são as organizações que não conseguem estabelecer um bom canal de relacionamento com seus colaboradores e isso, muitas vezes, gera resultados negativos como, por exemplo, boicotes, greves, insatisfação com o trabalho e a empresa pode culminar em prejuízos diversos. De acordo com Reinaldo Passadori, consultor e especialista em comunicação, a comunicação corporativa pode ser compreendida como a visibilidade que se tem no mercado a partir do poder que ela tem de mudar o rumo da empresa, gerando sucesso. Em entrevista concedida ao RH.com.br, Passadori fala sobre vários fatores que envolvem o processo de comunicação no ambiente organizacional. Ao ser questionado sobre os benefícios que um bom processo de comunicação interna proporciona, o consultor responde: “A comunicação bem-sucedida deixa os colaboradores informados sobre os acontecimentos importantes e faz com que todos se sintam parte do processo de crescimento da organização”. Esse é mais um assunto que não pode passar despercebido no ambiente corporativo, afinal quem não se comunica fica isolado do mundo. Aproveite a leitura!

RH.COM.BR - O que caracteriza uma comunicação eficaz no meio organizacional?

Reinaldo Passadori - Falar e ser ouvido. Além de ouvido compreendido, além de compreendido ser influenciado quer seja por um processo de liderança, negociação, vendas ou relacionamento interpessoal. Não sei o que vem antes: ou uma organização bem-sucedida que propicie uma franca e aberta comunicação entre os seus pares ou sua comunicação efetiva que faz com que a organização seja bem-sucedida. Uma empresa eficaz é aquela na qual a comunicação é eficaz e eficiente. Pode-se medir se a comunicação é boa quando a empresa vai bem, quando o clima organizacional é agradável, quando os profissionais entendem-se em todos os níveis, quando o líder lidera, quando o gerente gerencia, quando o supervisou supervisiona, o que é dito é compreendido e, principalmente, quando o cliente está feliz por ser bem atendido.

RH - Quais os principais fatores que influenciam o êxito da comunicação corporativa?

Reinaldo Passadori - Entendo a comunicação corporativa como a visibilidade que se tem no mercado a partir do poder que ela tem de mudar o rumo da empresa, gerando sucesso. Todos gostam de trabalhar numa empresa que tem boa visibilidade no mercado. Os fatores que influenciam o êxito da comunicação corporativa na empresa são: a transparência nas ações, a congruência entre os valores que prega e a prática, os meios – pelos quais utiliza para estar na mídia – como a eficiência da assessoria de Imprensa, o apoio interno e externo da assessoria de Marketing, a preocupação com o ecossistema e a responsabilidade social. A empresa fadada ao sucesso deve fazer além. Deve transcender a própria existência e superar os limites.

RH - A comunicação corporativa tem peculiaridades?

Reinaldo Passadori - A imagem da empresa no mercado, os canais que veiculam esta imagem, a preparação dos profissionais que a empresa possui por meio de cursos, sobretudo, a preparação em Media Training, a identidade corporativa - logomarca, folder, cuidado com clientes, pontualidade na entrega dos produtos, transparência nas negociações, integridade dos colaboradores, a participação efetiva e a governança corporativa.

RH - Atualmente, quais os principais canais de comunicação que apresentam resultados destacados para as empresas?

Reinaldo Passadori - Depende do tipo de empresa, mas em geral o trabalho da assessoria de Imprensa faz gerar resultados positivos pela divulgação dos produtos e serviços em jornais, revistas, boletins, Intranet , newsletteres eletrônicas, rádio e TV.

RH - O que geralmente leva tantas empresas a terem dificuldades de trabalhar a comunicação interna?

Reinaldo Passadori - A visão limitada dos dirigentes porque preferem agir reativa ao invés de pró-ativamente. Se os dirigentes são mais transparentes e propiciadores da boa comunicação clara, didática acertam, quando ao contrário erram. É necessário que a imagem que os clientes fazem da organização seja expressa no atendimento e nos produtos que possui. O grande diferencial das empresas é comunicar-se bem assim apresenta os produtos de forma clara e atende de forma a ganhar novos clientes e também fidelizar clientes antigos.

RH - Quais as fases indispensáveis para se elaborar um programa de comunicação interna?

Reinaldo Passadori – Eu citaria as realizações de: diagnóstico; pesquisa; análise dos objetivos; coleta de dados - levantamento dos pontos facilitadores ou que dificultam; posicionamento; conscientização do comprometimento da cúpula; definição das fases; preparação dos materiais técnicos, físicos e humanos; implementação e manutenção.

RH - Qual o peso da comunicação interna para a Gestão de Pessoas?

Reinaldo Passadori – A comunicação interna reforça a instrução profissional, auxilia a performance da área de Recursos Humanos, ajuda a desenvolver talentos e fortalecer o vínculo do colaborador com a empresa. Um bom programa de comunicação evita desvios de informação capacita o colaborador como um multiplicador consciente dos princípios e objetivos da empresa.

RH - De forma prática, como o profissional de RH pode contribuir para o êxito da comunicação interna?

Reinaldo Passadori –Fazer algo de forma efetiva. Os bons resultados não acontecem por combustão espontânea. O profissional de Recursos Humanos só agrega valor à empresa quando, em primeiro lugar, entende bem do negócio, se possível, está sentado à mesa nas definições estratégicas e busca no mercado pessoas e sistemas assumindo a responsabilidade para esta implementação.

RH - A comunicação entre empresa-colaboradores é sempre um processo complexo?

Reinaldo Passadori –Tudo que é novo, desconhecido e ainda não faz parte do dia-a-dia é difícil e complexo. Na medida em que as pessoas aprendem e se desenvolvem, aquilo que parecia complexo transforma-se em simples e fácil; como dirigir um automóvel, praticar um esporte, andar de bicicleta, depois que dominamos fica fácil. Desta forma apresenta-se a comunicação entre empresas e colaboradores. A transparência e a liberdade de expressão são sempre facilitadores entre as partes.

RH - Que benefícios uma estruturada política de comunicação interna traz às empresas?

Reinaldo Passadori –Destacaria: o sucesso que se reflete em lucro, o clima organizacional, pessoas felizes, comprometimento, redução de demissões, turnover, entre outros. Uma política de comunicação interna pode tornar a comunicação dentro da organização mais transparente, democrática e humana. Torna mais eficiente o fluxo interno de informações, evitando ruídos e mal-entendidos. Além disso, dissemina para todos conceitos e informações a respeito da organização que precisam ser transmitidos aos públicos externos de maneira uniforme. Deixa os colaboradores informados sobre os acontecimentos importantes e faz com que todos se sintam parte do processo de crescimento da organização. Valoriza e motiva cada vez mais o colaborador, que terá importantes ganhos em sua produtividade. Cria canais de entretenimento e lazer para os colaboradores, além que oportunizar o recondicionamento verbal a partir do aprimoramento da comunicação verbal. A partir dela, é que se lapidam as idéias, a expressividade, a assertividade, a comunicação com o outro, entre tantos outros benefícios.

Faça a comunicação fluir no trabalho

Quem não consegue se comunicar de forma objetiva dificilmente alcançará seus objetivos. E isso não se restringe apenas ao lado pessoal, vai além e também faz parte do dia-a-dia das corporações. Um boato, por exemplo, que circula pelos corredores de uma empresa – a chamada "Rádio Peão" – pode causar impactos negativos no clima organizacional e conseqüentemente prejudicar até mesmo o desempenho dos colaboradores, fato que provoca reflexos no negócio.

Para que isso não ocorra, há organizações que optam por adotar uma política de comunicação interna clara, onde os dois lados da moeda – o corporativo e os profissionais – ganham. Um exemplo desses acontece na Amanco, companhia catarinense que fabrica tubos e conexões. A preocupação de sempre manter um canal aberto entre diretoria e funcionários surgiu desde a fundação da empresa, em 1991, período em que adquiriu a marca Fortilit. Desde aquela época, os dirigentes organizacionais já consideravam a comunicação interna uma ação estratégica que poderia contribuir significativamente para o futuro da empresa.

Em 2006, a Amanco deu uma verdadeira guinada na política de comunicação interna, oportunidade que a área que era ligada ao departamento de Recursos Humanos foi incorporada pela Gestão de Marketing. A partir desse momento, novas diretrizes foram traçadas e hoje a empresa mantém um estreito relacionamento com seus colaboradores, pois aprimorou o processo de saber 'escutar os profissionais" e "transmitir informações de forma correta", sem a interferência de ruídos paralelos. Segundo Marise Barroso, diretora de Marketing, a Amanco acredita que toda comunicação impacta diretamente na imagem da empresa e essa, por sua vez, deve começar dentro da própria organização, para só depois transpor os portões e chegar ao mercado e à sociedade. "Hoje, a comunicação interna conta com a colaboração de todas as diretorias, inclusive a de Recursos Humanos, para que seja realizado seu planejamento", complementa.

A Amanco Brasil, uma subsidiária do grupo mexicano Mexichem produz e comercializa tubos, conexões e acessórios sanitários oferecendo soluções completas, inovadoras e de classe mundial para os mercados nacional e internacional, no segmento da construção civil, infra-estrutura e agrícola. Conta com fábricas localizadas em Joinville (SC), Sumaré (SP) e Suape (PE). A organização possui aproximadamente 1.500 colaboradores.

Comunicação líder e equipe - Para fortalecer a comunicação interna, a organização adotou ações simples como, por exemplo, o contato “face a face”, onde as pessoas podem interagir de forma direta. Nesse sentido, a empresa instituiu a realização do “Canal Liderança” – reunião realizada mensalmente entre líderes e suas equipes. Vale ressaltar que para manter uma comunicação alinhada, todas as lideranças recebem antecipadamente, via e-mail e em apresentação PowerPoint, uma pauta que foca assuntos relevantes para todas as áreas. Os líderes, por sua vez, assumem o papel de repassarem essas informações como agentes multiplicadores.

O “Canal Liderança” tem duração média de 30 minutos e permite que os funcionários tirem dúvidas sobre questões relacionadas à empresa, bem como recebem um feedback sobre assuntos que ficaram “pendentes” no último encontro. É uma oportunidade de comunicação, bem como de integração entre os membros de um mesmo setor.



Encontro descontraído e eficaz – Um outro recurso utilizado pela Amanco, para dar sustentação à política de comunicação interna é o canal “Café e Papo” – encontro anual em que se encontram a diretoria da empresa e os colaboradores para que ocorra um bate-papo aberto sobre temáticas ligadas à companhia. Vale ressaltar que esse encontro acontece em todas as unidades da organização, onde são convidados aproximadamente 20 funcionários, que por iniciativa própria, realizam suas inscrições. “O Café com Papo é promovido nos turnos da manhã, da tarde e da noite, para que todos os funcionários tenham a oportunidade de participar”, ressalta Marise Barroso, ao acrescentar que após o término dessa atividade, é feita uma ata sobre os assuntos que foram discutidos na oportunidade e esse documento é afixado nos murais localizados em pontos estratégicos da Amanco.



Um fato relevante é que diariamente todos os murais da empresa são atualizados por um “agente de comunicação”, que normalmente atua na área de Recursos Humanos. Nesses espaços, são veiculadas informações sobre a Amanco de forma geral e da respectiva unidade em que o mural está presente.

Revista interna – De acordo com a diretora de Marketing, a empresa também possui a revista interna “Conexão”, com periodicidade bimestral e é enviada para a residência de todos os colaboradores. O conteúdo do veículo é direcionado tanto para os funcionários quanto para seus familiares. Dessa forma, possui um conteúdo diversificado, onde são encontrados materiais como, por exemplo, funcionário do mês, saúde, dicas, ações de trabalho voluntário, entrevistas, entre outros. Para estimular os profissionais a verem esse veículo como uma rica fonte de informações, eles são convidados a enviarem sugestões de pautas referentes ao dia-a-dia de trabalho, bem como em relação a questões de interesse dos próprios familiares. Dessa maneira, a “Conexão” procura estreitar o relacionamento com seus leitores.

Quando questionada sobre a importância de se manter uma comunicação interna transparente, Marise Barroso afirma que essas ações adotadas pela Amanco contribuem para motivar os profissionais e isso impacta diretamente nos resultados do negócio. “O investimento que fazemos na área de comunicação interna não é considerado grande, pois temos estrutura para realizar essas ações e tudo é realizado através de um planejamento adequado”, finaliza.